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- RELÍQUIA ESQUECIDA PELO GOVERNO RUIU E COM ELA A MEMÓRIA
postado por :
UENES GOMES
27 de dez. de 2013
O engenho foi indicado, em 1978, no Plano de Preservação dos Sítios do Interior, elaborado pela antiga Fidem, atual Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco. Desapropriado na época da construção da barragem, o Tabatinga faz parte do circuito turístico de Vicência. Na ocasião, o governo pagou R$ 3,7 milhões em indenizações, depositadas entre os anos de 2002 e 2003. Além do Tabatinga, uma área de 520 hectares incluindo outros quatro engenhos teve que ser desapropriada para a construção da barragem, que hoje é responsável pelo abastecimento de cinco cidades do Norte de Pernambuco.
Segundo a assessoria de comunicação social da Secretaria de Recursos Hídricos, o casarão era uma propriedade particular e, por estar dentro do local definido com Área de Proteção Permanente (APP), no entorno da Barragem do Siriji, precisou ser indenizado. O processo, no entanto, foi conduzido na época pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma).
Dos cinco engenhos desapropriados, o Tabatinga foi o que teve o processo mais complicado. Isso porque ocorreu um impasse entre os antigos proprietários e o governo, que oferecia um valor abaixo do esperado pelos donos da terra. A dona do engenho, Daise Cisneiros Maranhão, hoje já falecida, disse na época ao Diario que foi a última a receber a indenização. "Não tem dinheiro que pague meu engenho e minhas lembranças", declarou a proprietária quando concedeu entrevista ao jornal, ressaltando que, no Tabatinga, viveu os melhores momentos da sua vida junto com o marido.
Apesar de o engenho estar localizado dentro da APP, sua extensão territórial não submergiu nas águas turvas do Rio Siriji, que batiza a barragem. Afluente do Rio Goiana, o Siriji nasce na divisa de Pernambuco com Paraíba, na Serra do Pirauá, em São Vicente Férrer, distante 140 quilômetros do Recife. Com 74 quilômetros de extensão, o rio tem uma área total de 95 quilômetros quadrados.
A Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) admitiu que, além do processo de decadência, o casarão do Engenho Tabatinga também foi atingido por vandalismo. Segundo a assessoria, a SRH concluiu um relatório sobre a situação do casarão e vai encaminhar o documento em breve à Procuradoria Geral do Estado solicitando medidas judiciais a fim de que sejam reparados os danos causados ao patrimônio público estadual.
Beleza - A Prefeitura de Vicência pretende reivindicar a área do casarão do Engenho Tabatinga para abrigar um ponto de cultura na região açucareira. A diretora de Cultura e Turismo, Joana D'Arc Ribeiro, diz que o imóvel tem importância para o município e poderia ser transformado numa espécie de museu, sendo conservado pela cidade. "O casarão tem um projeto arquitetônico belíssimo e seria mais uma atração para o município", comentou. Ela disse que o lugar também serviria para abrigar uma nova escola municipal. A questão, segundo Joana, chegou a ser discutida na I Conferência de Cultura, realizada em Vicência no dia 20 do mês passado.
Segundo a diretora, Vicência perdeu uma escola no Engenho Araticuns, hoje submerso nas águas da barragem. Murupé possui quatro mil habitantes e sua população vive da cana-de-açúcar e plantação de bananas. "Atualmente, só existe uma escola municipal no povoado, queabsorveu alunos da escola desativada. Com isso, o espaço acabou ficando pequeno", explicou a diretora.
Fonte: DP