postado por : UENES GOMES 14 de jan. de 2014


SELBACH, Simone. História didática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. P.11-13
- Boa noite, professor. O senhor nos enviou seu currículo e como vamos necessitar de um professor de história para o ano letivo que começa, gostaria de trocar ideias. Responda-me, por favor. Porque gosta de ensinar História, caro mestre?

- Boa noite, senhor coordenador. Gosto da história pelos heróis que mudaram o mundo, encantam-me seus feitos e sua glória. Amo descrever batalhas, situando-as em seu tempo e nos lugares onde ocorreram. Gosto muito de datas, sempre tive enorme facilidade para memoriza-las...

- Diga-me, professor. Para o senhor o ensino História é o relato de fatos e lembrança de datas? O senhor não costuma ver nos acontecimentos de agora uma dimensão temporal? Para o senhor, ensinar História não são episódios da construção e da reconstrução de sociedades que nos faz refletir sobre as situações locais, regionais e mundiais? Suas aulas não conduzem os alunos a identificar semelhanças e diferenças entre culturas no espaço e no tempo, nas mudanças e permanências nos modos de viver, de pensar e de fazer e nas heranças que as gerações deixam a outra?

- Não senhor, diretor. Sou professor rigoroso e me oponho a essas modernidades que escondem os heróis e valorizando os intercâmbios de ideias, sugerem formas diferentes de análises e interpretações. Para mim, História é “preto no branco”, vencedores e derrotados, heróis e bandidos!

- E suas aulas, professor? Como ensina História?

- Impondo silêncio, é claro. Mostrando que o professor sabe o que fala e por isso ao aluno outra tarefa não cabe senão ouvir e anotar. Sou contra debate, oponho-me ao diálogo e insisto em mostrar o lugar que cabe ao aluno. Separo com energia e clareza o agora que não pertence a minha aula e o passado no qual sou especialista...

- O senhor, professor, conhece outras situações de aprendizagem além da exposição de fatos pelo professor? Assume o papel interdisciplinar de suas disciplina? Instiga a curiosidade de seus alunos, mostrando o ontem no agora e o agora no amanhã. Avalia mais o progresso que os resultados de suas provas?

- Nada disso. Sou contra essas “perfumarias modernosas” e mostro que bem sabe é quem bem conhece os fatos, as datas e sua sucessão. Não animo reflexões, imponho verdades. Sou “pão, pão, queijo, queijo” e jamais misturo a história do brasil com história mundial. Para mim, aprender e guardar cada coisa em seu lugar. Posso considerar-me contratado, prezado coordenador?

- Apenas uma questão, querido mestre! Qual sua idade?

- Acabei a faculdade. Faço 23 anos na próxima semana. Porque a pergunta, senhor coordenador?
- Apenas curiosidade, professor. Acho-o “velho” demais para minha escola. Neste espaço gostamos de jovens professores, ainda que muitos tenham bem mais que o triplo de sua idade. Obrigado pela procura, o senhor está dispensado.

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