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- JOÃO ALFREDO, O VERDADEIRO AUTOR DA LEI ÁUREA
postado por :
UENES GOMES
8 de dez. de 2014
Filho de Manoel Corrêa d’Oliveira Andrade, tenente-coronel da Guarda Nacional e dono do engenho Uruaé, e de Joana Bezerra de Andrade, nascida no engenho São João.
Segundo filho de 14 irmãos, teve na infância uma preocupação constante com a vida política e com os estudos. A situação dos escravos sempre o preocupou.
Precoce, aos 20 anos, foi eleito deputado mas não tomou posse no cargo por não possuir idade legal.
Formou-se em Direito, aos 21 anos, em 1858, na Faculdade de Direito do Recife.
Destacou-se tanto como político, como administrador. Foi deputado pela Assembléia Provincial (1858, e em 1876 Presidente), deputado pela Assembléia Geral do Império (1860, 1868, 1876), conselheiro de Estado (1887) e senador do Império (1877 a1889). Como administrador presidiu a Província do Pará (dez. 1869 a abr. 1870), foi ministro do Império (1870 a 1875), presidente da Província de São Paulo (ago. 1885 aabr.1886), diretor da Faculdade de Direito do Recife (1876 a 1887), ministro da Fazenda, presidente do Conselho e presidente do Banco do Brasil, no governo Hermes da Fonseca (abr. 1912 a nov. 1914).
Além dos dotes políticos e administrativos, tinha grandes preocupações culturais e interesse pela educação. No Rio de Janeiro, fundou uma escola de Aprendizes Marinheiros, criou a Faculdade de Medicina, a de Direito e a Escola Central, chamada de Escola Politécnica. Protegeu os artistas, especialmente pintores como Pedro Américo e Vitor Meirelles, aos quais encomendou os quadros Avaí e Guararapes, respectivamente.
Foi autor de várias outras iniciativas importantes para o País, como a criação do ensino popular noturno, do ensino profissionalizante e da obrigação do registro de casamento e óbito.
Grande estadista brasileiro do Segundo Reinado, o seu nome está ligado ao processo de abolição da escravatura: como ministro do Império do Gabinete Rio Branco, que promulgou a Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871) e como presidente do Gabinete de 10 de Março, que promulgou, ao lado da Princesa Isabel, a Lei Áurea (13 de maio de 1888), extinguindo a escravidão no Brasil.
A sua atividade intelectual foi prejudicada pela prioridade que sempre deu à atividade política. Escreveu os seguintes trabalhos, reunidos no livro Minha meninice & outros ensaios, publicado pela Editora Massangana, da Fundação Joaquim Nabuco, em 1988, na série Abolição: Minha meninice; Memórias políticas; O Barão de Goiana e sua época genealógica;Depoimento para a história da abolição e O Imperador: poder pessoal.
Monarquista convicto, com a proclamação da República retirou-se da vida pública.
Morreu no dia 6 de março de 1919, no Rio de Janeiro, sendo enterrado no cemitério São João Batista, na presença de altas autoridades, inclusive ministros de Estado. O caixão foi conduzido em certo trecho por membros da Irmandade do Rosário, a qual pertencia, e depois por ex-escravos libertos.
Segundo Joaquim Nabuco, João Alfredo é um nome que há de viver na história do país, quando todos os outros estiverem esquecidos.
Recife, 18 de julho de 2003.
(Atualizado em 28 de agosto de 2009).
FONTES CONSULTADAS:
ANDRADE, Manoel Correia de. João Alfredo: o estadista da abolição. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1988.
OLIVEIRA, João Alfredo Corrêa de. Minha meninice & outros ensaios. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1988.
SILVA, Jorge Fernandes da. Vidas que não morrem. Recife: Departamento de Cultura, 1982. p. 235-236.
fundaj