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- JÁ FOI MUGUNGA, MAS NUNCA UNIÃO. A DICOTOMIA DA ORIGEM DO NOME DA VILA SIRIJI
postado por :
UENES GOMES
11 de fev. de 2014
Por UENES GOMES BARBOSA.
Graduando em História FFPG - PE
Graduando em História FFPG - PE
Quem são os fundadores de Siriji? O distrito mais importante de São Vicente Férrer ao longo todos estes anos sempre procurou sua identidade. Seja nos engenhos, no nome do seu rio, no seio do seu povo - na maioria descendentes de africanos que trabalharam escravizados nos engenhos da região -, e porque não dialogando com outros municípios? É sabido que todo município criado é oriundo de um outro, denominado "município mãe" ou no caso do Siriji seria "pai"? Colocando o nosso distrito numa linha genealógico tratar-se-ia Siriji neta de Limoeiro e filha do Bom Jardim, mas deixemos isto de lado e vamos ao que realmente cabe esta postagem inaugural sobre minha região. A Vila Siriji, nos tempos do limoeiro não se chamava assim, tampouco União como vai se encontrar nos livros encomendados e escritos pela elite vicentina. Creio que há um problema com relação ao primeiro nome deste lugarejo - aqui coloco-me responsável por algum equívoco que esteja levantando com relação ao nome do meu lugar -, o nome determinado como União tem na sua origem a afabilidade com que os latifundiários se relacionavam nestas paragens nos tempos do açúcar, uma espécie, ao meu ver uma associação comercial, saída para que os muitos engenhos pudessem lucrar de forma que não desacelerasse o trabalho do outro.
No entanto a certeza que temos em meio ao montante de peças de um quebra-cabeças que cada vez que se tenta montar, mais complicado ele fica, é que por aqui viveram indígenas da etnia Tabajara. Falo da certeza porque ao pegar uma figura representativa do mapa do território brasileiro da ocupação indígena, na configuração atual e situar a fronteira da Paraíba com Pernambuco e conseguintemente o local onde está a Vila Siriji (fonteira), coincidirá justamente com o local onde, no século 16 habitaram os Tabajaras. Contudo o que nos traz aqui não é a formação territorial mas o nome do vilarejo.
Distribuição dos povos indígenas brasileiros no século XVI |
Insistindo que União não é um nome que batiza o povoado, mas que conseguiu passar por diversas gerações erroneamente pelo fato de ser melhor lembrado quando se pensa no desenvolvimento daquelas fábricas de açúcar, por motivos já apresentados no início do texto. Pois tão duvidoso é que quando movido pela curiosidade busquei na hemeroteca da Biblioteca Nacional algum vestígio sobre esta região acabei deparando-me com alguns "conhecidos" como Vicente Guedes e Manoel Baptista de Lyra, importantes comerciantes do povoado de Mugunga (aparece em 1894 no almanaque na seção de Bom Jardim), que por motivo óbvio foi recenseado pelo almanaque Pernambuco e descriminado na edição daquele ano.
Para que todos possam compreender o que está sendo exposto, eis uma cópia do documento datado de 1894 citando Mugunga. Depois (não neste, mas noutro documento) perceberemos já São José do Serigy em 1925 fazendo parte ainda do território de Bom Jardim. Logo ao denominarem esta localidade, documentando-a em periódicos já nos fins do século 19 citavam Mugunga. Cabe a pesquisa revelar mais detalhes sobre esta localização geográfica uma vez que em 1844 possivelmente finalizava a construção de uma capela em intenção à Sant'Ana, padroeira do Engenho Patos, mas este é um outro momento da nossa História que será aos poucos debatida e comentada por aqui.
Para que todos possam compreender o que está sendo exposto, eis uma cópia do documento datado de 1894 citando Mugunga. Depois (não neste, mas noutro documento) perceberemos já São José do Serigy em 1925 fazendo parte ainda do território de Bom Jardim. Logo ao denominarem esta localidade, documentando-a em periódicos já nos fins do século 19 citavam Mugunga. Cabe a pesquisa revelar mais detalhes sobre esta localização geográfica uma vez que em 1844 possivelmente finalizava a construção de uma capela em intenção à Sant'Ana, padroeira do Engenho Patos, mas este é um outro momento da nossa História que será aos poucos debatida e comentada por aqui.
Página original da edição pernambucana do Almanaque Pernambuco de 1894. Hemeroteca da Biblioteca Nacional |
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"Um povo sem memória é um povo sem passado".É importante estudar e conhecer a nossa própria história, pois nela está a resposta do que hoje somos. Sirigi é um lindo lugar, com um futuro muito promissor. É necessário que o seu povo enxergue a sua beleza ( natural e cultural) e lembre que esta terra não é mais uma propriedade daqueles que se sentem poderosos; mas pertence a cada criança que ali cresceu dando a sua saúde, sua força no corte da cana e da banana, ou seja, deram muito em troca de muito pouco. Resgatar este passado, faz parte do orgulho de ser pernambucano.
ResponderExcluirOlá Geane Nunes, que prazer receber sua visita. Este blog é construído para pessoas como você! Fiquei feliz por saber que conhece Siriji, meu torrão. Infelizmente desmembramo-nos de uma história obscura ainda e estamos galgar nesse caminho tão sinuoso construindo nossa identidade e tentando tornar mais acessível o debate sobre nossa história. Aguarde, breve terá mais surpresas aqui. Aproveite para seguir a página. Um grande abraço.
ExcluirAmigo, sou um curioso e machadense vizinho de São José do Siriji.
ResponderExcluirO amigo o que tem a respeito do traçado territorial do Distrito de Siriji?
Quando da Lei de emancipação em 1928 que criou os municípios de São Vicente Ferrer e Queimadas (Orobó), foi muito clara quando afirma que parte de Siriji com a povoação, Bom Jardim doou ao novo município de Sâo Vicente Ferrer e a outra parte do Distrito de Siriji passou a pertencer, assim como o Distrito de Machados, a Queimadas(Orobó).
Portanto Machados que também pertencia a Bom Jardim foi para Queimadas.
Acontece que, 10 anos após, Machados voltou a pertencer a Bom Jardim e a parte de Siriji, por está entre Machados e São Vicente, teria que se incorporar a Machados, o que ate hoje nâo aconteceu.
O que o amigo tem a respeito desse assunto analisando a lei desses dois novos municípios que mostra com clareza isso que acabo de narrar?