postado por : UENES GOMES 26 de jul. de 2014

NACIONALISTA E COLONIALISTA, O SIONISMO GARANTIU A CRIAÇÃO DE ISRAEL. A DIPLOMACIA BRASILEIRA TAMBÉM PARTICIPOU DO PLANO

Por André Castanheira Gattaz. 
www.gattaz.pro.br
Um Estado divididoO Estado de Israel foi criado em maio de 1948, como resultado do movimento sionista, que surgiu no final do século XIX e exerceu grande influência junto a governos ocidentais na primeira metade do século XX. O sionismo traz características nacionalistas e colonialistas. É nacionalista ao defender a criação de um Estado Nacional para os judeus. É também colonialista, pois o local escolhido para a criação de tal Estado Nacional foi a Palestina. Mas esta região, origem da população judaica espalhada pelo mundo, estava ocupada secularmente por populações árabes, que praticavam pacificamente as três religiões surgidas ali: judaísmo, cristianismo e islamismo.
No final do século XIX, o movimento sionista começou a promover a imigração de judeus europeus para a Palestina. Esta corrente se intensificou após a Primeira Guerra Mundial, quando a região passou para o domínio britânico. Em meados do século XX, a proporção entre colonos e nativos havia sido completamente alterada, gerando conflitos cada vez mais violentos entre a população palestina e os grupos de judeus recém-chegados.
Percebendo a dificuldade em manter a paz, a Inglaterra abriu mão do mandato sobre a Palestina, delegando à recém-criada Organização das Nações Unidas a tarefa de decidir o destino da área. Foram criados comitês que analisaram e debateram o assunto durante sete meses, recomendando a partilha da terra para a constituição de dois Estados, um árabe e outro judeu. Em novembro de 1947, o assunto foi levado à votação na Assembleia Geral, à época presidida pelo chefe da delegação brasileira na ONU, Osvaldo Aranha – homem forte do governo de Getúlio Vargas entre os anos 1930 e 1944, e retornado ao governo de Eurico Dutra como diplomata. 
Embora inicialmente houvesse oposição da maioria dos países ao plano, o governo estadunidense instruiu seus representantes na ONU para que conseguissem a partilha. Várias nações foram ameaçadas de retaliações financeiras se fossem contra a partilha, enquanto aquelas que fossem a favor eram premiadas com a concessão de empréstimos em condições especiais. Prevista para o dia 26 de novembro, a votação foi adiada por dois dias, dando mais tempo aos lobistas pró-sionistas para obter os votos que lhes faltavam. Segundo um dos principais historiadores israelenses, esses dois dias foram essenciais para conseguir o apoio de Libéria, Taiti e Filipinas. Reunida a Assembleia no dia 28, a decisão novamente foi adiada a pedido do representante francês, e no dia seguinte o plano de partilha foi enfim votado. Ao contrário do que se podia prever uma semana antes, o plano foi aprovado por 33 países a favor e 13 contra, com dez abstenções. Por seu papel fundamental nessas negociações, adiando a decisão até que a maioria fosse obtida, Osvaldo Aranha recebeu a gratidão de Israel, embora ele tenha sido favorável à política que restringia a entrada de judeus no Brasil no período em que foi Ministro das Relações Exteriores, durante o Estado Novo.
O plano de partilha desagradou os dois lados envolvidos no conflito, dando origem a uma guerra que se estendeu de 1947 a 1949, em que o recém-criado Estado judaico conquistou parte das terras atribuídas aos palestinos. Em 1967, em novo avanço militar israelense, as regiões de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental foram também ocupadas, permanecendo sob controle israelense até os dias de hoje, embora diversas resoluções da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU tenham condenado tal ocupação. Segundo a própria ONU e a maioria dos analistas, a solução do conflito passa pela desocupação israelense das terras conquistadas em 1967 e a construção efetiva de um Estado Palestino soberano, vivendo lado a lado e pacificamente com o Estado de Israel, como previa o plano apoiado por Osvaldo Aranha.

André Castanheira Gattaz é professor da Universidade do Estado da Bahia e autor de A Guerra da Palestina: da criação do Estado de Israel à Nova Intifada (Usina do Livro, 2003) e Do Líbano ao Brasil: história oral de imigrantes (Gandalf, 2005).

Saiba mais:
CARNEIRO, Maria Luiza T. O anti-semitismo na Era Vargas. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1988.
FINKELSTEIN, Norman G. Imagem e realidade do conflito palestino. Rio de Janeiro/São Paulo: Ed. Record, 2005.

FONTE: Revista de História

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